Após quatro meses consecutivos de queda, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) voltou a registrar alta de 0,29% em dezembro, na série com ajuste sazonal. O resultado do índice, que funciona como indicador prévio do desempenho do PIB, veio acima das expectativas do mercado, que esperava crescimento de 0,10%. Ademais, comparado a dezembro de 2021, o IBC apresentou evolução de 1,42%. Assim, encerrou o ano de 2022 com variação acumulada de 2,90%, abaixo da alta de 4,68% observada durante o ano de 2021.

No mês, observou-se um desempenho fraco da indústria e varejo, contrastado pelo crescimento em serviços. No ano, essa dinâmica foi mantida, com o setor de serviços acumulando alta de 8,30% e sendo o principal responsável pela performance do IBC no ano (2,90%).

No estado do Rio de Janeiro notou-se uma retração no índice de atividade regional em dezembro, na escala de 0,43%. Apesar disso, quando comparado com dezembro de 2021, o índice apresentou avanço de 5,16%. De maneira contrária ao visualizado no país, o estado concentrou o crescimento no segundo semestre do ano, com cinco meses consecutivos de alta, interrompida justamente pelo mês de dezembro. Com o resultado, o estado do Rio de Janeiro fechou o ano de 2022 com crescimento acumulado de 5,04%, acima do total de 2021 (3,40%) e superior ao patamar atingido pelo país (2,90%).

O ano de 2022 foi marcado pelo processo de subida de juros e desaceleração econômica no país e no mundo. O cenário restrito pesou sobre o avanço da atividade econômica do país, que cresceu em ritmo menor (2,90%) em 2022, comparado ao avanço de 4,68% em 2021. Para 2023, espera-se que a trajetória de perda de força do crescimento continue, isto porque o BCB tem enfatizado o compromisso de trazer a inflação à meta, podendo estender o nível de juros atual por um horizonte maior. Além disso, os bancos centrais das grandes economias devem realizar rodadas de elevação de juros adicionais, tendo influência negativa na entrada de capitais estrangeiros no Brasil.

O país registrou mais uma rodada de aumento de preços em dezembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,62% no mês, percentual superior ao visualizado em novembro (0,41%) e inferior ao de dezembro de 2021 (0,73%). O resultado veio acima das expectativas do mercado, que projetava inflação de 0,44%. Com isso, o ano se encerrou com IPCA acumulado de 5,79%, acima do limite superior da meta de inflação, de 5,00%. Em 2021, a variação acumulada foi de 10,06%.

Todos os grupos registraram subida de preços no mês. Com destaque para as categorias de Saúde e cuidados pessoais (1,60%) e Alimentação e bebidas (0,66), que com base em seus pesos mensais, tiveram impacto de 0,21 p.p. e 0,14 p.p., respectivamente, no avanço do índice. Os grupos de Artigo de residência (0,64%) e Comunicação (0,50%) voltaram a apresentar inflação, após queda de preços em novembro.

A alta da categoria de Saúde e cuidados pessoais foi especialmente propiciada pelo subgrupo de cuidados pessoais (3,65%), enquanto a alimentação no domicílio (0,71%) foi o principal veículo da alta em Alimentação e bebidas. Ambos os grupos apresentaram as maiores variações acumuladas de 2022: Alimentação e bebidas (11,64%) e Saúde e cuidados pessoais (11,43%), apenas atrás de Vestuário (18,02%). No lado das quedas, vale destacar os subitens energia elétrica residencial (-19,01%) e gasolina (-25,78%).

Na região metropolitana do Rio de Janeiro, o nível de preços também registrou avanço, de 0,33%. A magnitude do aumento foi semelhante ao do mês anterior (0,34%). Como resultado, o IPCA da região fechou o ano de 2022 com variação acumulada de 6,65%, a maior entre as regiões metropolitanas.

No Rio de Janeiro, notou-se queda em Habitação (-0,62%), propiciada pelo recuo de preços em energia elétrica residencial (-3,54%). O grupo de Artigos de residência também registrou deflação, de 0,38%. Todos os demais grupos apresentaram subida de preços, com destaque para Saúde e cuidados pessoais (1,03%), Alimentação e bebidas (0,49%) e Transportes (0,48%), que juntos contribuíram para aumento de 0,33 p.p. no índice.

O INPC, índice que mede variação nos preços da cesta de consumo da população de baixa renda, também apresentou elevação de preços em ambas as instâncias. No país houve variação mensal de 0,69%, resultando em alta acumulada no ano de 5,93%, abaixo dos 10,16% registrados em 2021. Já, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro o índice avançou 0,21% em dezembro e fechou o ano com acumulado de 6,45%, o terceiro maior entre as regiões metropolitanas, somente atrás de São Paulo (7,22%) e Salvador (7,02%). Em ambas as instâncias, o grupo de Alimentação e bebidas teve peso relevante sobre a variação acumulada de 2022 do INPC, acumulando alta de 11,91% no país e 9,91% na RMRJ.

O IPCA fechou o ano em 5,79%, resultado acima das expectativas do mercado, de 5,60, ficando mais próxima da projeção de 5,65% do IFec. Assim, o ano de 2022 se encerrou com IPCA acima do limite superior da meta de inflação (5,00%), pressionado principalmente por Alimentação e bebidas e aliviado pela queda em combustíveis e energia elétrica, nos quais a cobrança de ICMS foi restringida. Para 2023, o centro da meta é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 p.p. para cima (4,75%) ou para baixo (1,75%), o que deve dificultar ainda mais o cumprimento da regra. No entanto, o processo de desaceleração inflacionária deve prosseguir, tendo em vista a manutenção de política monetária restritiva no país e no mundo, assim como a dinâmica atual de queda do preço do petróleo, porém, com alerta às pressões fiscais.

O Brasil destruiu 431.011 vagas de emprego no mês de dezembro, conforme dados do Caged. O resultado interrompeu a sequência de onze meses consecutivos de saldo positivo mensal e representou uma queda de 47,00% em relação a dezembro de 2021. No acumulado do ano, foi adicionado um total de 2.037 milhões de postos de trabalho, saldo 26,61% inferior ao registrado no ano de 2021 (2.776 milhões).

Os setores de serviços (-188.064) e indústria (-114.246) foram os principais responsáveis pelo saldo negativo de dezembro. Os demais grupos também fecharam vagas de emprego: Construção (-74.505), agropecuária (-36.921) e comércio (-17.275).

No acumulado de 2022, todos os grupamentos de atividades econômicas adicionaram postos de trabalho, porém em ritmo menor que em 2021. Com destaque para o setor de serviços, que apresentou o maior saldo anual (1.176.502) e a menor perda de folego comparado com 2021 (-5,62%). Além desse, têm-se o saldo anual dos demais setores e sua respectiva variação em relação a 2021: comércio (350.110 | -47,15%,), indústria (251.868 | -47,14%), construção (194.444 | -20,65%) e agropecuária (65.062 | -55,49%).

No estado do Rio de Janeiro também se visualizou uma piora na geração de emprego. O saldo líquido foi de -8.140 em dezembro, o que representou uma queda de 64,34% frente a dezembro do ano anterior. No acumulado do ano, o saldo fluminense chegou à marca de cerca de 195 mil novos empregos formais, 4,84% acima do saldo acumulado de 2021.

Os setores de comércio e indústria apresentaram saldo de empregos positivo, criando 1.352 e 337 postos de trabalho, respectivamente. Por sua vez, os grupos de agropecuária (-175), construção (-4.215) e serviços (-5.439) demitiram mais do que contrataram no mês de dezembro.

No acumulado de 2022, o estado fluminense totalizou a criação de 194.869 empregos, somente atrás do estado de São Paulo (560.986). Contudo, em comparativo com o acumulado de 2021, São Paulo registrou queda de 31,32% no saldo líquido de empregos. Em 2021, o estado do Rio de Janeiro havia ficado, ainda, atrás de Minas Gerais, que teve seu saldo achatado em 42,49% em 2022, chegando a 177.996.

No país, o saldo de 2.037 milhões foi reflexo de 22,6 milhões de admissões e 20,61 milhões de desligamentos no ano. No estado do Rio de Janeiro, 1.52 milhão de admissões e 1.33 milhões de desligamentos configuraram o saldo anual de empregos formais. O setor de serviços foi o principal contribuinte para o resultado em ambas as esferas.

A perspectiva para 2023 é permeada pela possibilidade de desaceleração da formação de empregos, haja vista o efeito contracionista da alta da taxa Selic. Além disso, existem incertezas em relação à conduta fiscal da nova equipe econômica.

Os serviços apresentaram comportamento estável no mês de novembro, conforme divulgado na Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE. Não houve variação no volume de serviços em relação a outubro no país. Contudo, notou-se crescimento de 6,3% em comparativo com novembro de 2021. Ambos os resultados acumulados registraram queda em relação ao mês passado. O acumulado do ano foi de 8,7% a 8,5%, enquanto o acumulado de 12 meses foi de 9,0% para 8,7%.

As categorias apresentaram desempenho variado em relação ao mês imediatamente anterior. Os grupos de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios (0,3%) e Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares (0,2%) tiveram performances positivas. No entanto, os demais setores tiveram resultados negativos: Outros serviços (-2,2%), Serviços de informação e comunicação (-0,7%) e Serviços prestados às famílias (-0,8%). Embora este último tenha apresentado crescimento de 7,8% frente a novembro de 2021.

No estado do Rio de Janeiro, em contraste, visualizou-se um aumento no volume de serviços. A unidade federativa registrou variação de 2,2% frente a outubro, após queda no mês anterior (-1,4%). Em relação a novembro de 2021 o índice também mostra avanço de 5,6%. A variação acumulada no ano atingiu 3,2%, ante 2,9% de outubro, enquanto o resultado acumulado de 12 meses mostrou estabilidade frente ao mês anterior (3,2%).

Comparado a novembro de 2021, todas as categorias apresentaram crescimento, à exceção de Outros serviços (-11,4%). O destaque ficou pelo desempenho de Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares, que registrou aumento de 16,8%. Ademais, os grupos de Serviços de informação e comunicação (6,7%), Transportes e serviços auxiliares aos transportes e correio (5,5%) e Serviços prestados às famílias (3,3%) também registraram melhora, além de aceleração em relação ao resultado do mês anterior.

O mês de novembro marcou o segundo mês consecutivo sem crescimento dos serviços no país, tendo em vista o recuo de 0,5% em outubro. Por outro lado, visualizou-se a retomada do crescimento do setor no estado do Rio de Janeiro, após queda de 1,4% em outubro. O comportamento dos serviços é afetado pelos efeitos inibidores do aperto monetário, assim como, pelas pressões inflacionárias presentes durante o período. Para o restante do ano, há expectativa que a atividade do setor de serviços seja intensificada, sobretudo pelas categorias de transporte e serviços domésticos, bem como através do impacto do Natal.

*Nota: Serviços prestados à família incluem Alojamento e Alimentação; Atividades culturais e de recreação e lazer; Atividades esportivas; Serviços pessoais e de educação não continuada.

*Nota: Outros Serviços incluem Atividades de apoio à agricultura e à pecuária; Serviços de esgoto e tratamento do lixo; Manutenção e reparação de veículos; Serviços financeiros e previdenciários; Atividades imobiliárias; Reparação e manutenção de equipamentos

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) voltou a recuar no mês de novembro, registrando variação negativa de 0,55% frente a outubro na série com ajuste sazonal. O resultado do índice, que funciona como indicador prévio do desempenho do PIB, veio inferior às expectativas do mercado, que projetava retração de 0,20%. Ainda assim, o resultado representou um avanço de 1,65% em relação a novembro de 2021. Porém, a variação interanual positiva vem perdendo força desde a alta de 5,67% em agosto. Já, o resultado acumulado no ano chegou a 3,26% no mês, ante 3,42% em outubro e o acumulado de 12 meses ficou em 3,15%.

A queda do índice era esperada, tendo em vista a piora dos indicadores de atividades no mês de novembro. O setor de comércio já havia registrado queda de 0,6% e os serviços mostrado estabilidade, em relação ao mês de outubro. Com o resultado, o índice configurou o quarto mês seguido de queda e se posiciona em patamar 2,14% abaixo do pico no mês de julho. O desempenho do IBC-Br é influenciado pelos efeitos contracionistas da política monetária e, até o momento, acumula queda de 3,54% no quarto trimestre.

No estado do Rio de Janeiro notou-se avanço de 0,21% do índice em relação ao mês de outubro. Com o resultado, já é o quinto mês consecutivo de crescimento, de modo que o índice se encontra em patamar 4,83% acima do período pré-pandemia. Ademais, comparado com novembro de 2021, o índice apresentou evolução de 5,46% e os resultados acumulados do ano e de 12 meses também avançaram, chegando a 4,89% e 4,85%, respectivamente.

Vale destacar a dinâmica distinta que os índices do Brasil e do estado do Rio de Janeiro vêm replicando, com o IBC-Br registrando consecutivas rodadas de baixa e o índice de atividade regional tendendo para cima, o que também contribui para uma certa assimetria entre os resultados acumulados de ambas as instâncias.

Para o restante do ano, espera-se que a atividade econômica continue em desaceleração. A taxa Selic pode se manter em patamares elevados por um horizonte de tempo maior do que se previamente esperava, tendo em vista o aceno do Banco Central a respeito da preocupação e responsabilidade com as contas públicas do país. No ambiente externo, as condições também sugerem uma desaceleração global, dado o movimento de aperto monetário iniciado pelos países centrais em 2022 em tentativa de combate à inflação. Esse fator pode frear o crescimento brasileiro, na medida que o volume de exportações e o fluxo de investimento estrangeiro podem ser reduzidos.

O volume de vendas do comércio varejista recuou no país em novembro, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio. O índice registrou queda de 0,6% em relação ao mês de outubro, quando já se notava uma desaceleração. Apesar disso, o índice apresentou variação de 1,5% ante novembro de 2021 e o resultado acumulado no ano foi de 1,0% para 1,1%. O acumulado em 12 meses também evoluiu, de 0,1% para 0,6% no mês de novembro.

Em relação a outubro, as categorias de Móveis e eletrodomésticos (2,2%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,7%) foram as únicas a registrar desempenho positivo. As demais categorias apresentaram performances no campo negativo: Combustíveis e lubrificantes (-5,4%), Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-3,4%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-2,7%), Tecidos, vestuário e calçados (-0,8%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,3%) e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo(-0,2%). Porém, vale destacar a melhora de 27,3% de Combustíveis e lubrificantes ante novembro de 2021.

No estado do Rio de Janeiro, o índice também retraiu. O volume de vendas na região caiu 0,4% em comparação com outubro. Em relação a novembro do ano anterior também houve uma redução de 2,4% no volume de vendas. Já, o resultado acumulado do ano e de 12 meses apresentaram certa melhora, indo de -3,3% para -3,2% e de -3,9% para -3,5%, respectivamente.

As categorias apresentaram desempenho variado em comparativo com novembro de 2021. O grupo de Móveis e eletrodomésticos (11,1%) registrou significativa evolução, assim como Combustíveis e lubrificantes (4,0%) e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,3%). No lado das performances negativas têm-se os grupos de Tecidos, vestuário e calçados (-24,2%), Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (19,8%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-13,7%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-3,2%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-2,7%).

O volume de vendas do varejo, medido pela PMC, apresentou queda, após meses de crescimento. Contudo, o país ainda apresenta variação positiva (1,5%) em relação ao mesmo mês do anterior. O ambiente de crédito restrito, decorrente dos juros altos, bem como o alto grau de endividamento familiar, pesaram contra o desempenho do índice. Apesar disso, há expectativa de crescimento do setor de comércio no final do ano, com datas festivas como o Natal potencializando o volume de vendas do varejo.

*Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico inclui: Comércio Varejista de Mercadorias em Geral, Peças e Acessórios para Aparelhos Eletroeletrônicos para Uso Doméstico, Exceto Informática e Comunicação, Artigos Recreativos e Esportivos, Artigos de Óptica, Joias e Relógios, Outros Produtos Novos Não Especificados Anteriormente.

O Brasil continuou a adicionar vagas de emprego no mês de novembro, conforme dados do Caged. O saldo mensal de 135.495, porém, veio abaixo do projetado (148 mil) e representou o segundo desempenho mensal mais baixo de 2022, atrás apenas do mês de março. No acumulado do ano, o número de postos de trabalho se aproxima da marca de 2,5 milhões, número 19,67% inferior ao observado no mesmo período de 2021 (3,1 milhões).

Os setores de comércio e serviços foram responsáveis por sustentar o saldo de empregos de novembro. Esses, foram os únicos a registrar desempenho positivo, criando 105. 969 e 92.213 postos de trabalho, respectivamente.

Nos demais setores, observou-se performances negativas. Os serviços (-25.707), a agropecuária (-18.211) e construção (-18.769) destruíram vagas de emprego e pesaram negativamente no resultado total do mês de novembro.

No estado do Rio de Janeiro notou-se um desempenho contrastante ao do país a respeito da geração de emprego. O saldo líquido de emprego foi de 25.223 em novembro, o segundo mais alto do ano. No acumulado de janeiro a novembro, o saldo fluminense se aproxima da marca de 203 mil novos empregos formais.

Assim como no país, os setores de comércio e serviços foram responsáveis por alavancar o resultado, criando 12.069 e 13.853 postos de trabalho, respectivamente. A indústria continuou a gerar vagas de emprego (685). Por sua vez, a agropecuária se manteve como destruidora de vagas de emprego (-85) e o setor de construção passou a demitir mais do que contrata, apresentando saldo líquido de -1.299.

O Rio de Janeiro foi a segunda Unidade Federativa com maior saldo de empregos em novembro, somente atrás do estado de São Paulo, que adicionou 50.908 postos de trabalho. Contudo, os estados de Rio de Janeiro (-32,07%) e São Paulo (-51,65%) apresentaram variações negativas no saldo, em relação a novembro de 2021. No acumulado de janeiro a novembro de 2022, o estado fluminense totalizou a criação de 202.803 empregos, atrás de São Paulo (712.888) e Minas Gerais (223.982). Na comparação com o mesmo período do ano anterior, apenas Rio de Janeiro registrou evolução no saldo líquido de empregos, de 6,26%. Enquanto São Paulo e Minas Gerais apresentaram queda de 23,49% e 33,18%, respectivamente.

No país, observou-se a manutenção do ritmo de desaceleração dos dados de emprego, que já se constava no mês de outubro. O saldo de novembro foi reflexo de 1,75 milhão de admissões e 1,61 milhão de desligamentos. No estado do Rio de Janeiro, em contraste, notou-se um forte avanço no emprego. Os setores de comércio e serviços acentuaram ainda mais sua relevância na esfera estadual e federal.

A perspectiva para os próximos meses ainda é permeada pela possibilidade de desaceleração da formação de empregos, haja vista o efeito defasado das contratações em relação ao ciclo econômico e ao aperto monetário. Assim como, incertezas quanto à posição da nova equipe econômica na formulação de um novo arcabouço fiscal. Contudo, a interrupção das altas de juros em agosto, junto ao efeito positivo do Natal e alta temporada, podem ter tido influência nas contratações no final de 2022.

O volume de vendas do comércio varejista continuou a subir no país em outubro, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio. O índice mostrou desaceleração, variando 0,4%, após crescimento de 1,2% em setembro. O resultado acumulado no ano avançou de 0,8% para 1,0%, enquanto a variação em 12 meses também aumentou para 0,1% ante -0,7% do mês anterior, adentrando o campo positivo.

Em outubro, as categorias do comércio apresentaram desempenho variado. Móveis e eletrodomésticos (2,5%), Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (2,0%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,0%) e Combustíveis e lubrificantes (0,4%) registraram performance positiva. Por sua vez, mostraram variação negativa as categorias de Livros, jornais, revistas e papelaria (-3,8%), Tecidos, vestuário e calçados (-3,4%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,4%). As demais categorias comportaram-se próximas à estabilidade.

No estado do Rio de Janeiro, o índice também cresceu a ritmo reduzido. O volume de vendas na região cresceu 1,2% em outubro, frente aos 3,7% do mês anterior. O resultado acumulado no ano chegou a -3,3% ante -3,6% de setembro, enquanto o acumulado em 12 meses passou de -4,6% para -3,9%.

As categorias de Combustíveis e lubrificantes (14,8%), Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (4,2%) mantiveram trajetórias ascendentes, enquanto o grupo de Móveis e eletrodomésticos (7,2%) acelerou e passou a registrar variação positiva em relação ao mesmo mês do ano anterior. Ademais, Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo(2,1%)  e Livros, jornais, revistas e papelaria (1,8%) também apresentaram uma evolução no volume de vendas frente a outubro de 2021. Por outro lado, as atividades de Tecidos, vestuário e calçados (-23,2%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-8,1%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,5%) apresentaram queda ante outubro de 2021.

O índice da PMC demonstrou desaceleração no mês de outubro, tanto no país quanto no estado do Rio de Janeiro. Em ambas as instâncias, o acumulado de 12 meses reagiu positivamente. O retorno da inflação no período, após três meses de deflação, assim como a elevação do endividamento familiar e condições de crédito mais restritas, atuam contra a evolução do índice em 2022. Apesar disso, há expectativa de crescimento do setor no final do ano, com datas festivas como o Natal potencializando o volume de vendas do varejo.

*Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico inclui: Comércio Varejista de Mercadorias em Geral, Peças e Acessórios para Aparelhos Eletroeletrônicos para Uso Doméstico, Exceto Informática e Comunicação, Artigos Recreativos e Esportivos, Artigos de Óptica, Joias e Relógios, Outros Produtos Novos Não Especificados Anteriormente.

A criação de emprego formal no Brasil continuou a avançar em outubro, conforme dados do Caged. O saldo mensal de 159.454, veio abaixo do projetado (238 mil) e representou o segundo desempenho mensal mais baixo do ano, somente atrás do mês de março. Na totalidade de 2022, o número de postos de trabalho já supera 2,3 milhões

O setor de serviços continuou sendo o principal responsável pelo desempenho. No mês de setembro, este representava cerca de 44% do saldo. Em outubro, notou-se uma predominância ainda maior do setor, que passou a corresponder por 57% do resultado.

Ainda comparando com o mês anterior, a posição dos setores no saldo permaneceu inalterada. No entanto, todos os setores apresentaram desaceleração frente ao mês anterior, à exceção de agropecuária (-1.435), que apresentou queda. Desse modo, os serviços, comércio e indústria, registraram saldo de 91.294, 49.356 e 14.891, respectivamente. Por fim, o setor de construção teve saldo de 5.348.

No Rio de Janeiro, também houve uma desaceleração na criação de empregos. De maneira semelhante ao observado no país, o saldo de outubro representou a segunda pior performance mensal de 2022. A criação de 8.667 postos de trabalho, equivaleu a uma queda de 42% ante setembro. No acumulado de janeiro a outubro, o saldo fluminense se aproxima da marca de 178 mil novos empregos formais.

Houve mudanças na composição do saldo mensal. Os serviços continuaram a ser o principal responsável pelo resultado, e equivaleram a 46% do saldo mensal, adicionando 3.990 vagas de emprego. Em seguida, os setores de comércio (2.368) e indústria (1.653) sobrepuseram a construção, que criou 881 postos de trabalho, número 82% abaixo do registrado no mês anterior. Por último, tem-se a agricultura, que continuou a destruir vagas de emprego (-215).

O Rio de Janeiro avançou uma posição, ante setembro, no ranking das Unidades Federativas a respeito do saldo mensal e assumiu o quarto lugar. Atrás de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, que adicionaram 60.404 e 13.853 e 10.525 vagas de emprego, respectivamente. Considerando o saldo de todos os meses de 2022, o estado fluminense acumulou a criação de 177.202 empregos, atrás de São Paulo (657.617) e Minas Gerais (219.746).

Os dados de emprego mostraram uma forte desaceleração, acima do esperado pelo mercado. O saldo de outubro foi reflexo de 1,79 milhão de admissões e 1,63 milhão de desligamentos, variação de -42,5% frente a setembro. Assim, observa-se grande similaridade na magnitude da desaceleração no estado do Rio de Janeiro e no país, com saldo caindo quase pela metade em ambos. O setor de serviços acentuou ainda mais sua relevância na esfera estadual e federal.

A perspectiva para os próximos meses ainda é permeada pela possibilidade de desaceleração da formação de empregos, haja vista o efeito defasado das contratações em relação ao ciclo econômico e ao aperto monetário. Entretanto, a interrupção das altas de juros em agosto, junto à aproximação do Natal e alta temporada, devem aliviar as contratações no final do ano.

No mês de outubro, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apresentou comportamento próximo à estabilidade, registrando variação negativa de 0,05% na série com ajuste sazonal. O resultado veio abaixo das expectativas do mercado, que projetava alta de 0,50% para o índice que antecipa o desempenho do PIB. Contudo, a variação acumulada em 12 meses e no ano segue em ascensão, chegando a 3,13% e 2,41%, respectivamente. O índice ainda registrou crescimento de 3,68% em relação a outubro de 2021.

O resultado mensal veio alinhado com os resultados de indicadores de atividade econômica previamente divulgados. Notou-se uma queda no volume de serviços, assim como a desaceleração da atividade comercial no mês de outubro. Apesar disso, o índice se posiciona em patamar 2,98% superior ao pré-pandemia e 1,18% abaixo do pico no mês de julho. Vale ressaltar que o desempenho do IBC-Br é influenciado pelos efeitos contracionistas da política monetária.

No estado do Rio de Janeiro observou-se crescimento pelo quarto mês consecutivo. Segundo o Banco Central, o Índice de Atividade Econômica Regional variou 0,53% na série com ajuste sazonal. Comparado a outubro de 2021, o índice apresentou evolução de 5,31%.

Vale ressaltar que tanto o acumulado do ano quanto o acumulado de 12 meses do estado encontram-se em níveis superiores ao do Brasil, apresentando variações de 4,69% e 4,63%, respectivamente, diante dos 3,38% e 2,74% registrados em nível nacional. Entretanto, essa tendência vem perdendo força nos últimos meses.

No restante do ano e para 2023, espera-se que a atividade econômica continue em desaceleração. A redução da taxa Selic deve ser postergada, dada a preocupação do Banco Central do Brasil quanto à condição das contas públicas do país, pesando negativamente sobre as decisões de consumo e investimento dos agentes econômicos. Ademais, o ambiente externo é considerado adverso, com países desenvolvidos promovendo contrações monetárias e indícios cada vez maiores de desaceleração global. Em decorrência disso, o Brasil deve ter seu volume de exportações freado, bem como o fluxo de investimentos estrangeiros.

O país voltou a registrar crescimento de preços em outubro. O Índice Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cresceu 0,59% no mês, após três meses de queda. O resultado surpreendeu parte do mercado, que esperava alta de 0,48%. Em outubro, o IPCA acumulou 6,47% em 12 meses e 4,70% no ano, abaixo do limite superior da meta, de 5,00%.

Apenas o grupo de Comunicação continuou a registrar queda de preços, de 0,48%, que contribuiu com -0,02 ponto percentual no resultado do índice. Os principais responsáveis pelo crescimento do índice foram os grupos de Alimentação e bebidas (0,72%), Saúde e cuidados pessoais (1,16%), e Transportes (0,58%). De acordo com seus pesos mensais do índice, estes foram responsáveis por um aumento de 0,16 p.p, 0,15 p.p, e 0,12 p.p, respectivamente.

Dentro da categoria de Transportes, os Combustíveis (veículos) continuaram em queda, variando -1,27%. A maior influência deste resultado é o subitem Gasolina, que recuou 1,56%. Já dentro do grupo de Habitação, houve desaceleração em Energia elétrica residencial, mas que continuou em crescimento. No mês, o item variou 0,30%, contra 0,78% no mês anterior. Pelo lado do crescimento, se destacam os itens Tubérculos, raízes e legumes (+14,27%), Frutas (+3,56%) e Panificados (+1,03%), do grupo de Alimentação e bebidas.

Na região metropolitana do Rio de Janeiro, os preços também voltaram a aumentar. No entanto, o crescimento foi menor, de 0,41%. Como resultado dessa variação, o IPCA acumula 7,62% em 12 meses e 5,93% em 2022 na região.

No Rio de Janeiro, em contraste com o nível nacional, os grupos de Transportes e Artigos de residência passaram por deflação de 0,12% e 0,47%, respectivamente. Pelo maior peso do primeiro grupo, ambos tiveram impacto de -0,02 ponto percentual no resultado geral. Contribuindo de forma positiva, ficaram os grupos Saúde e cuidados pessoais (1,15%), Habitação (0,83%), e Alimentação e bebidas (0,35%). Os dois primeiros grupos levaram a um aumento de 0,15 p.p no índice, enquanto o último contribuiu com 0,07 ponto percentual.

O crescimento de preços também foi refletido no INPC. No país e na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o índice que mede variação nos preços da cesta de consumo da população de baixa renda teve resultado parecido: crescimento de 0,47% e 0,42%, respectivamente. Os grupos de Alimentação e bebidas e de Habitação são os principais responsáveis pelo resultado do INPC em ambos os casos.

O resultado do IPCA de outubro surpreendeu de forma negativa. Apesar da expectativa de que houvesse registro de aumentos de preços novamente no mês, as projeções apontavam para variação de menor magnitude. O resultado deve ser um fator a intensificar o nervosismo dos agentes econômicos, em um ambiente em que já há incertezas fiscais e de Selic elevada. Para os próximos meses, o IPCA pode apresentar comportamento parecido ao de outubro, especialmente devido às compras características do final do ano.

O PIB per capita do estado do Rio de Janeiro recuou no ranking nacional da terceira posição para a sexta no ano de 2020, segundo o IBGE. O estado detinha a terceira colocação no ranking desde o ano de 2002. Apesar do recuo, o Rio de Janeiro apresentou retração do PIB inferior à média nacional e se manteve na segunda posição em participação no agregado nacional, respondendo por 9,9% do total.

A variação no volume do total das atividades econômicas no estado fluminense foi de -2,9%, acima da nacional, que recuou 3,3% em 2020. Além disso, foi a menor queda da Região Sudeste. O desempenho é influenciado pelos serviços*, setor de maior importância no estado, que responde por cerca de 79% dos vínculos e 86% dos estabelecimentos do Rio de Janeiro. O valor adicionado na categoria sofreu queda de 4,8% no ano, puxando o resultado agregado para o quadrante negativo, apesar da agropecuária e da indústria terem crescido 6,8% e 3,8%, respectivamente.

O resultado conferiu ao Rio de Janeiro a décima segunda posição no ranking de variação anual do PIB, entre um total de vinte e sete posições. Apenas três Unidades Federativas não registraram queda: o Mato Grosso se manteve estável enquanto Mato Grosso do Sul e Roraima cresceram 0,2% e 0,1%, respectivamente.

Na média nacional, o PIB per capita apresentou variação positiva entre 2019 e 2020, crescendo 2,2%, enquanto no estado recuou 3,9%. Entre as demais Unidades Federativas do Sudeste, se observou queda também no Espírito Santo (-0,3%). Por outro lado, Minas Gerais e São Paulo registraram crescimento de 4,1% e 0,4%, respectivamente. A queda na posição do Rio de Janeiro se deu pelo avanço do Mato Grosso (24,2%), que ocupou o terceiro lugar, Santa Catarina (6,7%), e Mato Grosso do Sul (13,4%), que se posicionaram em seguida.

Em relação à participação no PIB brasileiro, o Rio de Janeiro continuou sendo a Unidade Federativa de segunda maior contribuição, com 9,9%, ante 10,6% em 2019. O estado de São Paulo, de maior participação, respondeu por 31,2%, também em queda em relação a 2019, quando foi de 31,8%. Em ambos os casos, o recuo é influenciado pelas indústrias extrativas, prejudicadas pela redução no preço do petróleo e gás. No mesmo período, o Espírito Santo teve sua participação diminuída de 1,9% para 1,8%, enquanto Minas Gerais cresceu de 8,8% para 9,0%.

A pandemia do novo coronavírus levou a interrupção total ou parcial da oferta de serviços, característicos de maior contato pessoal. O estado do Rio de Janeiro, por ter os serviços como principal setor, foi especialmente prejudicado nesse período. Apesar do desempenho mais desfavorável em relação ao PIB per capita, o PIB nominal do estado apresentou retração abaixo da média nacional. Para 2021, a projeção é de recuperação, principalmente no setor de serviços, conforme observado na PMS. O Caged também aponta para a mesma direção: em 2021, o estado teve a terceira maior geração líquida de empregos, depois de ter tido o pior desempenho em 2020. Dessa forma, a expectativa é de retomada de um maior dinamismo na economia fluminense.

*Nota: a categoria de serviços abrange também o setor de comércio, de forma que os percentuais de vínculos e estabelecimentos apresentados são relativos ao setor de comércio de bens e serviços.

Segundo a PNAD Contínua Trimestral, a desocupação no Brasil registrou o menor valor desde o segundo trimestre de 2015. A taxa, em 8,7%, apresentou queda de 0,6 p.p em relação ao trimestre imediatamente anterior (9,3%) e de 3,9 p.p ante o mesmo trimestre de 2021 (12,6%). Este é o sexto trimestre consecutivo de queda da desocupação, bem como da taxa composta de subutilização da força de trabalho, que registra 20,1%, em queda de 1,1 p.p contra o trimestre anterior e de 6,4 p.p contra o terceiro trimestre de 2021.

Além disso, o percentual de pessoas desalentadas segue em queda pelo sexto trimestre consecutivo no país, sugerindo um aquecimento do mercado de trabalho, com entrada de pessoas que antes não buscavam empregos. Dessa forma, a taxa de desocupação segue em queda mesmo com a entrada de pessoas no mercado de trabalho.

Entre as Unidades Federativas, apenas Pernambuco e Tocantins registraram crescimento da desocupação, de 0,3 p.p e 0,1 p.p, respectivamente. No Rio de Janeiro, a taxa de desemprego se posicionou em 12,3%, com queda de 0,6 p.p em relação ao trimestre anterior e de 3,6 p.p em relação ao terceiro trimestre de 2021. A atual taxa é a menor desde o terceiro trimestre de 2016, quando se posicionou exatamente no mesmo valor.

No entanto, o estado fluminense continua a apresentar maior desemprego em comparação com os outros estados da Região Sudeste. Destes, Minas Gerais apresenta a menor taxa, em 6,3%, enquanto no Espírito Santo e em São Paulo o desemprego afeta 7,3% e 8,6% da população acima de 14 anos. Na região, o Rio de Janeiro também teve a menor variação contra o trimestre anterior.

A PNAD contínua também mostra que a renda cresceu no país e no Rio de Janeiro. No nível nacional, houve crescimento nominal de 0,9%, enquanto o crescimento real foi de 3,7%, influenciado pela deflação ocorrida no período, que acumulou 1,3%. No Rio de Janeiro, ocorreu variação nominal mais elevada, de 2,6% e crescimento real de 0,9%. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, houve queda de preços apenas em julho e setembro, acumulando variação de -0,5% no trimestre.

Apesar do ciclo de contração monetária e da diminuição no número de pessoas desalentadas, o Caged e a PNAD continuaram apontando um crescimento do emprego no terceiro trimestre de 2022. A expectativa para o próximo trimestre é que os efeitos da elevação dos juros comecem a refletir na atividade econômica e consequentemente no desemprego, iniciando um arrefecimento no mercado de trabalho.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) voltou a registrar variação positiva, após queda no mês anterior. Em setembro, o índice utilizado para prever o desempenho do PIB, apresentou comportamento estável (0,05%) na série com ajuste sazonal. A variação acumulada no ano permanece positiva, chegando a 2,93%. O mês ainda registrou crescimento de 4,00% ante a setembro de 2021.

O resultado mensal veio coerente com os indicadores de atividade econômica previamente divulgados, sendo influenciado pela performance favorável do setor de serviços e por retrações no setor industrial em setembro. Apesar disso, o índice se posiciona em nível 2,56% superior ao pré-pandemia e apenas 1,08% abaixo do pico anual em julho. O desempenho do IBC-Br reflete os efeitos contracionistas da política monetária.

No estado do Rio de Janeiro se observou um leve crescimento. Segundo o Banco Central, o Índice de Atividade Econômica Regional variou 0,17% na série com ajuste sazonal. Ademais, em relação a setembro de 2021, o índice apresentou evolução mais significativa, de 3,11%.

Vale destacar que tanto o acumulado do ano quanto o acumulado de 12 meses do estado encontram-se em níveis superiores ao do Brasil, apresentando variações de 4,10% e 4,06%, respectivamente, contra os 2,93% e 2,34% registrados no nível nacional. No entanto, essa tendência vem perdendo força nos últimos meses.

Nos próximos meses, espera-se que a atividade econômica continue em desaceleração, tendo em vista os efeitos inibidores da taxa de juros alta, transmitidos com defasagem, e o elevado grau de endividamento familiar. O ambiente externo também é desafiador, com uma provável desaceleração global à frente e com países desenvolvidos promovendo contrações monetárias, de forma que o Brasil deve ter seu volume de exportações impactado, assim como o fluxo de investimentos estrangeiros.

Os serviços cresceram 0,9% em volume no mês de setembro, conforme divulgado na Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE. O resultado representou uma desaceleração em relação ao mês de agosto, quando cresceu 1,1%. No entanto, as variações acumuladas no ano e em 12 meses apresentaram estabilidade, variando apenas uma casa decimal para cima e para baixo, na devida ordem, e atingiram 8,6% e 8,9%, respectivamente.

Os maiores crescimentos ocorreram entre as categorias Serviços de informação e comunicação (2,0%) e Serviços prestados às famílias (1,0%). Ambos os grupos mantiveram o desempenho positivo de agosto, quando registram crescimento de 0,8% 1,0%, respectivamente. A categoria de Outros serviços apresentou leve queda (-0,3%), após subida de 7,7% no mês anterior. Já, os Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares e a atividade de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios ficaram estáveis, variando 0,2% e -0,1%, respectivamente.

No estado do Rio de Janeiro, também houve crescimento do volume de serviços. A unidade federativa registrou variação de 0,7% em setembro, ante 0,6% no mês anterior. Como resultado, a variação acumulada no ano cresceu e atingiu 2,8%, ante 2,6% em agosto. Apesar disso, o acumulado de 12 meses continuou a registrar queda, de 4,0% para 3,3%.

Em comparação com setembro de 2021, todas as categorias apresentaram crescimento. Os destaques ficaram pelo desempenho de Serviços prestados às famílias (13,0%) e Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares (11,5%). Os Transportes, serviços auxiliares aos transportes Serviços de informação e comunicação (2,3%) e Outros serviços (2,2%) registraram crescimento mais contido, assim como a categoria de Serviços de informação e comunicação (1,2%).

Em setembro, se manteve a tendência de retração das variações acumuladas, devido ao forte crescimento dos serviços ao longo de 2021. Apesar disso, o setor continuou em trajetória de elevação no país. No estado do Rio de Janeiro, os volumes mensais se mantiveram em trajetória irregular. O comportamento dos serviços tende a ser de perda de dinamismo devido à base de comparação e aos efeitos defasados da política monetária.

*Nota: Serviços prestados à família incluem Alojamento e Alimentação; Atividades culturais e de recreação e lazer; Atividades esportivas; Serviços pessoais e de educação não continuada.

*Nota: Outros Serviços incluem Atividades de apoio à agricultura e à pecuária; Serviços de esgoto e tratamento do lixo; Manutenção e reparação de veículos; Serviços financeiros e previdenciários; Atividades imobiliárias; Reparação e manutenção de equipamentos

O volume de vendas do comércio varejista voltou a crescer no país em setembro, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio. Após resultado de estabilidade em agosto, o índice da PMC cresceu 1,1% no mês. O crescimento acumulado no ano avançou de 0,5% para 0,8%, enquanto a variação em 12 meses também cresceu, mas continua negativa, em -0,7% ante -1,4%.

Em setembro, apenas Outros artigos de uso pessoal e doméstico passou por queda, de -1,0%. A categoria de Móveis e eletrodomésticos se posicionou próxima à estabilidade, variando -0,1%. Dentre as atividades de desempenho positivo, se destacaram Livros, jornais, revistas e papelaria (2,5%), Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (1,7%), Combustíveis e lubrificantes (1,3%), e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,2%).

No estado do Rio de Janeiro, o resultado também foi positivo. O volume de vendas na região cresceu 3,1% em setembro, ante queda de 1,6% no mês anterior. O desempenho do mês manteve o acumulado do ano no patamar de -3,6% e levou a um pequeno crescimento do acumulado em 12 meses, que passou de -4,8% para -4,6%.

A categoria de Combustíveis e lubrificantes (9,8%) manteve trajetória ascendente, enquanto, o grupo de Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (2,5%) passou a registrar variação positiva em relação ao mesmo mês do ano anterior. Por outro lado, as atividades de Tecidos, vestuário e calçados (-16%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-5,5%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-4,8%), Artigos Farmacêuticos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (4,7%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,1%) e Móveis e eletrodomésticos (-1,7%), apresentaram queda ante o mês de setembro de 2021.

O índice da PMC voltou a crescer, após desempenho fraco nos últimos meses, tanto no país quanto no estado do Rio de Janeiro. Em ambas as instâncias, o acumulado de 12 meses reagiu positivamente. O alto patamar da taxa de juros, assim como a elevação do endividamento familiar, comportam-se como barreiras para evolução do índice em 2022. Apesar disso, há expectativa de maior crescimento do setor no final do ano, com datas comemorativas como Black Friday e Natal estimulando a atividade comercial.

*Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico inclui: Comércio Varejista de Mercadorias em Geral, Peças e Acessórios para Aparelhos Eletroeletrônicos para Uso Doméstico, Exceto Informática e Comunicação, Artigos Recreativos e Esportivos, Artigos de Óptica, Joias e Relógios, Outros Produtos Novos Não Especificados Anteriormente.

Na última reunião de 2022, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu novamente por manter a taxa básica de juros em 13,75%, como esperado pelo IFec RJ e pelo mercado. Diferentemente do que ocorreu na reunião anterior, esta decisão foi feita de forma unânime pelos membros do Comitê.

O Comitê justifica a manutenção da Selic por identificar incertezas e um balanço de riscos de maior variância e em ambas as direções. De acordo com a comunicação do Copom, a decisão é compatível com a convergência da meta dentro do horizonte relevante e a retomada do ciclo de altas pode ser feita caso o processo de desinflação não ocorra como esperado.

Inflação

Setembro marcou o terceiro mês consecutivo com os preços em queda no país. O acumulado de 12 meses do IPCA marcou 7,17%, em trajetória de acentuada diminuição desde o pico de 12,13% em abril. Com este comportamento, a inflação acumulada no ano se encontra em 4,09%, ante pico de 5,49% em julho, dentro do limite superior da meta, de até 5,00%.

Os núcleos, continuaram a apresentar comportamento favorável. Em setembro, os núcleos EX1 e Média Amparada se mantiveram em queda. O primeiro, que exclui Alimentação no Domicílio e combustíveis domésticos e de veículos, acelerou a queda que seguia desde junho. Já o segundo, que exclui itens de maior volatilidade, manteve a trajetória de rápida queda que segue também há quatro meses. Estes resultados sugerem que a queda nos preços ocorre além dos combustíveis e commodities.

O índice de difusão, que avalia a porcentagem de itens cujo preço se elevou, também segue trajetória de queda. O resultado do último mês aponta que 61,54% dos itens passaram por variação de preço, o menor percentual desde agosto de 2020.

O atual processo de inflação pelo qual o Brasil passa também está presente na maior parte dos países do mundo, sendo originada na desorganização de cadeias produtivas durante a pandemia, especialmente na China e prolongada e intensificada pelo conflito armado entre a Rússia e Ucrânia. Fatores climáticos também têm sido responsáveis por exercer pressão sobre preços de alimentos.

Como resposta, autoridades monetários ao redor do planeta têm realizado elevações das taxas básicas de juros. No Brasil, o aperto monetário se iniciou de forma antecipada aos países centrais, permitindo que o país também comece o afrouxamento antes do restante do mundo, se colocando em posição mais favorável.

O Boletim Focus mostra que as projeções para a inflação de 2022 continuam a serem revisadas para baixo, ainda que em menor velocidade. Na última reunião do Copom, as expectativas apontavam para que o IPCA de 2022 fechasse em 6,00%. Atualmente, este número se encontra em 5,60%, próxima à projeção do IFec RJ, de 5,65%, que considera um cenário de pequena elevação no final do ano. As projeções de 2023 também continuaram em queda, e já se posicionam abaixo do patamar de 5,00%. A atual expectativa de 4,94% se aproxima da meta superior traçada para o ano, de 4,75%.

Os serviços cresceram 0,7% em volume no mês de agosto, de acordo com divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE. O resultado representa uma desaceleração em relação ao mês de julho, que se reflete nas variações acumuladas: em 12 meses, o índice recuou de 10,5% para 9,6%, enquanto o crescimento no ano passou por diminuição de menor magnitude, de 8,9% para 8,5%.

Este comportamento de retração é parte de uma tendência que vem ocorrendo desde março, devido ao forte crescimento dos serviços ao longo do ano passado. Esta retomada causa um efeito estatístico de elevação da base de comparação, de forma que o crescimento acumulado recua, apesar da expansão do volume de serviços ofertados no período atual.

Os maiores crescimentos ocorreram entre as categorias Outros serviços (6,7%) e Serviços prestados às famílias (1,0%). O primeiro grupo retomou as perdas de julho, quando recuou 5,0%. Os Serviços de informação e comunicação variaram 0,6%, enquanto os Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares ficaram estáveis. A única atividade a recuar foi a de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios (-0,2%).

No estado do Rio de Janeiro, também houve crescimento do volume de serviços. A variação de 0,5% na série com ajuste sazonal ocorreu após retração de 0,4% no mês anterior. Com o crescimento, o acumulado de 12 meses foi de 4,3% para 4,0%, enquanto a variação acumulada no ano cresceu e atingiu 2,6%, o maior nível em 2022, contra 2,2% em julho.

Em comparação com agosto de 2021, a categoria Outros serviços continuou sendo a única a decrescer, variando -8,3%. Das demais atividades, se destacaram os desempenhos de Serviços prestados às famílias (10,8%), Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios (8,8%), e Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares (7,0%). Por fim, os Serviços de informação e comunicação tiveram menor crescimento, de 2,1%.

No mês de agosto, os serviços continuaram em trajetória de elevação no país, ainda que as variações acumuladas mostrem uma desaceleração, devido ao maior crescimento no ano anterior. No estado do Rio de Janeiro, os volumes seguem trajetória irregular. Apesar disso, o mês marcou o maior valor no crescimento acumulado no ano. Para os próximos meses, o comportamento do setor está envolvido em incertezas devido à alta dos juros, que deve ser mantida enquanto o cenário externo não se tornar mais favorável.

*Nota: Serviços prestados à família incluem Alojamento e Alimentação; Atividades culturais e de recreação e lazer; Atividades esportivas; Serviços pessoais e de educação não continuada. 

*Nota: Outros Serviços incluem Atividades de apoio à agricultura e à pecuária; Serviços de esgoto e tratamento do lixo; Manutenção e reparação de veículos; Serviços financeiros e previdenciários;

Atividades imobiliárias; Reparação e manutenção de equipamentos

O volume de vendas do comércio no país recuou com menor intensidade em agosto, de acordo com o IBGE. O índice da pesquisa mensal do comércio apresentou queda de 0,1%, quarto mês consecutivo de retração. Com o resultado próximo a neutralidade, o crescimento acumulado em 2022 passou para 0,5% e o índice acumula -1,4% em 12 meses.

Apenas três das oito atividades do índice apresentaram desempenho negativo no mês: Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (1,4%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,2%), e Artigos Farmacêuticos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,3%). Já os destaques positivos foram Tecidos, vestuário e calçados (13,0%), Combustíveis e lubrificantes (3,6%), Móveis e eletrodomésticos (1,0%) e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo se posicionou próximo à estabilidade, em 0,2%.

No estado do Rio de Janeiro, também houve retração no comércio varejista. Porém, a queda foi de maior magnitude em comparação com o mês anterior, em 1,2% contra o mês imediatamente anterior e -6,7% na variação em relação ao mesmo mês do ano anterior.  O índice no estado tem apresentado tendência de queda ao longo do ano e acumula recuo de 3,6% no período. Em 12 meses, a variação acumulada no estado é de -4,8%.

Combustíveis e lubrificantes foi a única atividade a apresentar variação positiva na comparação com o mesmo mês do ano anterior, com crescimento de 3,5%. Na contramão, Tecidos, vestuário e calçados tiveram recuo de 13,8% e Outros artigos de Uso pessoal e Doméstico com 12,6%. As atividades de Móveis e eletrodomésticos (8,9%), Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (6,9%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,0%) e Artigos Farmacêuticos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (4,3%) seguiram a tendência de queda.

O índice da PMC continua a recuar e no país a variação acumulada no ano se aproxima da neutralidade, o que já acontece no estado do Rio de Janeiro. O resultado acumulado de 2022 pode ser explicado pelo aumento do consumo no país especialmente em julho de 2021, devido aos incentivos econômicos, bem como pela elevação da taxa de juros e do endividamento familiar, principalmente no Rio de Janeiro, onde o percentual de famílias endividadas cresceu de forma mais acentuada, segundo a CNC. Apesar disso, a manutenção da taxa de juros e a recente deflação no mês de agosto, bem como o processo de desinflação ocorrido ao longo do ano, marcam a passagem de expectativas para um cenário econômico mais otimista.

*Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico inclui: Comércio Varejista de Mercadorias em Geral, Peças e Acessórios para Aparelhos Eletroeletrônicos para Uso Doméstico, Exceto Informática e Comunicação, Artigos Recreativos e Esportivos, Artigos de Óptica, Joias e Relógios, Outros Produtos Novos Não Especificados Anteriormente.

O emprego formal no Brasil se manteve em expansão em agosto, acelerando em relação ao mês anterior, de acordo com o Caged. O saldo de 278.639 registrado é o terceiro maior do ano, desfazendo a desaceleração apontada em julho. Na totalidade de 2022, o número de postos de trabalho já supera 1,8 milhões.

Os serviços continuaram sendo o principal setor responsável pelo desempenho e voltaram a representar uma parcela mais acentuada da criação de empregos, respondendo por um pouco mais da metade do saldo, ou cerca de 141 mil empregos. No mês anterior, a participação do setor havia caído para 37,8%.

Assim como em julho, a indústria foi o segundo principal setor, apresentando saldo de 52.760, seguido pelo comércio (41.886), e pela construção (35.156). A agropecuária continuou em desaceleração acentuada e registrou saldo de 7.724 em agosto, contra 16.119 e 35.672, nos dois meses anteriores.

No Rio de Janeiro, o desempenho foi ainda mais positivo. O saldo de empregos para o estado em agosto foi o maior do ano, com a criação de mais de 30 mil postos de trabalho. No ano, o saldo fluminense se aproxima da marca de 150 mil novos empregos formais.

Assim como no nível nacional, os serviços responderam pela maior parcela do resultado de agosto: cerca de 7 em cada 10 vagas abertas foram no setor, ou 21.527 empregos. A construção foi o segundo setor a mais contratar, com saldo superior a 5 mil. Em seguida, se posicionaram indústria (3.431) e comércio (1.224). A agropecuária também teve o pior desempenho, destruindo 568 empregos.

O Rio de Janeiro se posicionou em segundo lugar entre as Unidades Federativas no saldo mensal. Apenas São Paulo apresentou melhor resultado, com a criação de 74.973 vagas. Considerando o saldo de todos os meses de 2022, o estado fluminense acumulou a criação de 149.997 empregos, atrás de São Paulo (531.437) e Minas Gerais (187.212).

Os resultados do emprego surpreenderam de forma positiva por mais um mês. Em agosto, a desaceleração ocorrida em julho foi revertida e o número de empregos formados foi o terceiro maior do ano. No caso do Rio de Janeiro, o resultado foi ainda mais positivo, com o maior saldo mensal do ano. Os serviços se mantiveram como setor mais representativo tanto no estado quanto no país.

A perspectiva sobre os próximos meses ainda aponta para a possibilidade de desaceleração da formação de empregos, considerando o efeito defasado das contratações em relação ao ciclo econômico e ao aperto monetário. No entanto, o fim do ciclo de altas da taxa Selic em agosto, bem como a expectativa de uma redução dos juros mais cedo, tornam o cenário mais favorável do que se imaginava há alguns meses.

Em sua sexta reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu pela manutenção da taxa Selic no patamar de 13,75%, conforme esperado pelo IFec RJ. A interrupção do ciclo de elevações não foi uma decisão unânime, e tal divergência também estava presente entre as expectativas do mercado.

O Comitê comunicou que a atual avaliação é de que manter a Selic em 13,75% deve ser capaz de assegurar a convergência da inflação. No entanto, também ressaltou que não hesitará em realizar novas altas caso o processo de desinflação não ocorra como esperado.

O ciclo de contração monetária contou com 12 elevações da Selic, que partiu de 2%, a menor taxa historicamente, entre agosto de 2020 e março de 2021, para 13,75% em agosto deste ano.

Inflação

Em agosto, mês mais recente de divulgação, a inflação continuou em diminuição no país. O acumulado de 12 meses do IPCA marcou 8,73%, seguindo trajetória de diminuição desde o pico de 12,13% em abril. A queda acentuada da taxa acumulada ocorreu devido à diminuição generalizada de preços em julho e agosto – os meses registraram deflação de 0,68% e 0,36% –, o que também fez a inflação acumulada no ano retornar para dentro da meta, de até 5,00%, após ter registrado 5,49% em junho.

Os núcleos, bem como o índice de dispersão, também tiveram comportamento favorável a partir de junho. Em especial, a desaceleração do núcleo que exclui alimentação no domicílio e combustíveis domésticos mostra que a queda na inflação vai além do recuo dos preços de combustíveis. O índice de difusão, que avalia a porcentagem de itens cujo preço se elevou, recuou de uma média de 75% nos cinco primeiros meses do ano para 65% nos últimos três meses.

A atual processo de inflação pelo qual o Brasil passa também está presente na maior parte dos países do mundo, e teve origem na desorganização de cadeias produtivas durante a pandemia, especialmente na China. Além disso, o despertar do conflito armado entre a Rússia e Ucrânia no início de 2022 intensificou tal processo pelo encarecimento de commodities, como petróleo e milho.

Em resposta, elevações dos juros estão sendo realizadas pela maior parte das autoridades monetárias no mundo. Nos Estados Unidos, o ciclo de altas foi iniciado em março e, com a recente decisão de setembro, já atingiu a maior taxa de juros desde 2008. De forma semelhante, o Banco Central Europeu realizou em julho a primeira elevação dos juros em 11 anos, e decidiu por nova elevação, mais acentuada em setembro. Em especial na Europa, o preço da energia deve se manter em alta devido à dependência do fornecimento de gás russo. Por outro lado, a nível global, a perspectiva de desaceleração global causada pelas altas dos juros exerce pressão para queda do preço do petróleo.

No Brasil, o ciclo de aperto monetário se iniciou mais cedo, em março de 2021. Ainda que também tenha sido uma elevação rápida, podendo causar impactos sobre a atividade econômica, o processo de desinflação tende a amenizar estes impactos, por levar a uma perspectiva mais favorável sobre a política monetária. Com este objetivo, a atual estratégia do Copom é de ampliar o horizonte de convergência do IPCA para a meta em 2024.

Mesmo que as elevações dos juros nos países centrais sejam fatores de pressão sobre a Selic, o comportamento dos preços no país tem feito com que a inflação deixe de exercer tanta pressão sobre o juro doméstico. Desta forma, se justifica a decisão de manter a Selic em 13,75%.

As projeções para a inflação de 2022 continuam sendo revisadas para baixo, segundo o Boletim Focus. No início de agosto, as expectativas eram de 7,15%, enquanto atualmente apontam para que a inflação feche em 6,00%, projeção para qual o IFec RJ aponta desde o período anterior. A avaliação leva em conta que após a deflação nos últimos dois meses, os próximos meses devem ter comportamento de estabilidade de preços e, posteriormente, pequena elevação no final do ano. Para 2023, as projeções também seguem em queda, e atingiram 5,01% na divulgação mais recente do Boletim, se aproximando da meta para o ano, de 4,75%.

A abertura de empregos formais no país continuou a avançar em julho. Os dados do Caged apontaram para uma desaceleração do ritmo mensal de crescimento em relação aos dois meses anteriores, mas o saldo mensal ainda se mantém acima da marca de 200 mil empregos. Em julho, foram criados quase 219 mil postos de trabalho. No ano, o país já registra saldo superior a 1 milhão e meio de empregos criados.

Entre os setores da economia, os serviços continuaram sendo responsáveis pela maior parcela do saldo do mês. No entanto, houve queda relativamente acentuada da representatividade do setor. Os serviços, responsáveis por cerca de 44% do saldo nos dois meses anteriores, tiveram participação de aproximadamente 37% no mês, ou cerca de 82 mil vagas.

A indústria criou 50 mil empregos e passou a apresentar maior representatividade no país, de 23,1%, ante cerca de 15% nos últimos três meses. O comércio se posicionou em seguida, com 17,6%, percentual levemente acima dos meses anteriores. A construção também teve sua participação elevada, principalmente pelo aumento absoluto dos postos de trabalho criados: foram 32.082 em julho, contra 30.021 em junho. Por fim, a agropecuária, atividade que tem passado por instabilidades, teve saldo superior a 15 mil empregos e a menor representatividade.

No estado do Rio de Janeiro, a desaceleração no ritmo de criação de empregos foi mais acentuada. O saldo mensal foi de 13.434, contra uma média de mais de 22 mil nos últimos três meses. Ao longo de 2022, o estado registra a abertura de 118.394 postos de trabalho formais.

Diferente do ocorrido no nível nacional, a agropecuária não registrou saldo positivo no mês, tendo destruído 154 vagas. Também não houve queda acentuada na representatividade dos serviços no estado. O setor foi responsável pela abertura de 7.544 empregos ou 56% do total, patamar compatível com os meses anteriores. A construção e a indústria tiveram 2.339 e 2.246 contratações, respectivamente, enquanto o comércio desacelerou e respondeu por 1.459 vagas. O comércio continua sendo o único setor a ainda apresentar saldo anula negativo, de -7.613 empregos formais.

Entre as Unidades Federativas, o estado fluminense apresentou o quarto maior saldo. O Rio de janeiro se posicionou atrás de São Paulo (67.009), Minas Gerais (19.060), e Paraná (16.090). No entanto, em relação ao saldo anual, o Rio de Janeiro se mantém na terceira posição, com mais de 118 mil postos. O estado de São Paulo acumula saldo anual de 454.605 empregos, enquanto em Minas Gerais, acumula 159.628.

A geração de empregos continuou a apresentar resultados positivos. O setor de serviços continua a puxar o resultado, mesmo com a diminuição de sua representatividade em julho. Apesar da desaceleração no crescimento total de vagas, este movimento é esperado devido ao aperto monetário para controlar a inflação, cujos impactos no emprego são defasados. Dessa forma, mesmo com os atuais incentivos à economia e o processo de desinflação, refletindo cenário mais favorável, é esperado que o ritmo de criação de vagas diminua.

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio, divulgado mensalmente pela CNC, atinge em agosto o maior patamar desde o início da pandemia de Covid-19. Como resultado do crescimento de 2,3% no mês, o índice alcançou 123,4 pontos, maior valor desde março de 2020.

Na comparação interanual, o índice tem apresentado resultados decrescentes, ainda que positivos. Em agosto, o índice apresentou variação de 3,8%. No entanto, o índice tem apresentado dificuldade de avançar, se posicionando ao redor dos 121 pontos desde setembro. Em 2022, o índice acumula crescimento de 1 ponto ou 2,9%.

Das nove categorias que compõem o índice apenas uma passou por decréscimo em agosto. O indicador de Situação Atual dos Estoques, que também recuou nos últimos três meses, variou -2,4 pontos no mês. Dentre os indicadores de desempenho positivo, se destacaram Condição Atual da Empresa (+5,3 pts.), Nível de Investimento da Empresa (+5,2 pts.), e Condição Atual da Economia (+5,1 pts.).

O ICEC se recuperou de forma robusta ao longo do ano de 2021 devido à retomada dos padrões de consumo impedidos pela pandemia. O índice alcançou em agosto o maior patamar desde o início da pandemia e se aproxima da pontuação de março de 2020. Dessa maneira, a manutenção do crescimento do índice passa pela superação de desafios como o cenário de inflação e a altura dos juros.

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) acelera e continua a se elevar no mês de agosto, segundo divulgação da CNC. O índice cresceu 3,64% em relação a julho, após elevação de 2,16% no mês anterior. Em comparação com o mês de agosto de 2021, a intenção de consumo das famílias apresenta variação de 23,1%.

Todas as sete categorias do índice passaram por variação positiva em agosto. As principais elevações ocorreram nos indicadores Perspectiva Profissional (+7,8 pts.), Perspectiva de Consumo (+4,9 pts.), Renda Atual (+3,4 pts.), e Emprego Atual (+3,0 pts.). Por outro lado, Momento para Duráveis e Compra a Prazo (Acesso ao crédito) tiveram menor crescimento, crescendo 0,7 e 1,0 pontos, respectivamente.

A imunização da população permitiu a retomada de diversas atividades econômicas, impactando a intenção de consumo das famílias e na melhora do índice ao longo de 2021. A queda do desemprego, conforme o elevado ritmo de formação de empregos formais apontado pelo Caged, é refletida nos indicadores de Perspectiva Profissional, Renda Atual e Emprego Atual. No entanto, ainda é preciso cautela para avaliar o rumo do consumo no médio e longo prazo. A retomada da intenção de consumo, especialmente por já se posicionar próximo ao patamar pré-pandemia, passa por desafios, principalmente a alta dos juros.

O endividamento afeta 9 em cada 10 famílias no estado do Rio de Janeiro, de acordo com a CNC. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor tem apresentado patamares recordes de endividamento pelo décimo quinto mês consecutivo. Em agosto, este percentual chegou a 90,1%. A pesquisa também mostra que 31,6% das famílias fluminenses estão com contas em atraso, enquanto 18,0% estão inadimplente.

O cartão de crédito continua sendo a principal fonte de dívida entre as famílias. Em agosto, 94,8% das famílias eram afetadas por esse tipo de dívida. O percentual representa uma variação de 2,4% ante julho e de 4,98% ante agosto de 2021. Os financiamentos de casa e carro vêm em seguida, afetando 8,7% e 7,4% das famílias, respectivamente, patamares de relativa estabilidade nos últimos 12 meses.

Vale mencionar também as dívidas por carnês, crédito pessoal e crédito consignado, que têm decrescido nos últimos 12 meses. Os carnês apresentaram a maior queda interanual (-5,61 p.p) e em agosto afetam 3,8%. O crédito pessoal, a quarta principal fonte de dívida, são fonte de dívida para 6,3% no mês, apresentando variação de -3,33 p.p. Por fim, para o crédito consignado estes valores são de 3,6% e -2,58 p.p.

A persistência do alto endividamento familiar reflete o aumento da intenção de consumo em relação ao período anterior da pandemia, permitido pelo processo de imunização da população, em um cenário de avanço vagaroso da economia e de juros altos.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu em sua quinta reunião do ano por elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual. Uma elevação desta magnitude era esperada pelo IFec-RJ e parte do mercado. Este foi o décimo segundo aumento consecutivo da taxa básica de juros, que agora atinge 13,75% ao ano, maior patamar desde novembro de 2016.

No comunicado, o Copom declarou que a decisão leva em conta um balanço de riscos fiscais e de aquecimento da demanda mais elevados e objetiva a convergência da inflação para próximo à meta ainda no ano que vem. Dessa forma, o colegiado sinalizou que avaliará na próxima reunião a necessidade de um novo “ajuste residual, de menor magnitude”, surpreendendo o mercado.

Inflação

A inflação acumulada em 12 meses medida pelo IPCA voltou a avançar em junho e atinge 11,89%, mas ainda se posiciona abaixo do pico de 12,13% em abril. Além disso, no ano o IPCA já acumula crescimento de 5,49%, acima do limite superior da meta, de 5,00%.

O atual processo de elevação de preços é um fenômeno global que foi iniciado com a desorganização de cadeias produtivas durante pandemia e intensificado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. Elevações da taxa básica de juros estão sendo realizadas em diversas regiões do mundo como Estados Unidos e Europa, que mantiveram suas taxas de juros inalteradas pelos últimos anos.

No Brasil, o ciclo de altas começou em março de 2021, de forma antecipada ao resto do mundo. As elevações realizadas pelas autoridades monetárias nos países desenvolvidos são fatores adicionais de pressão sobre a Selic, por desincentivarem o fluxo de capitais para o Brasil, afetando o câmbio e encarecendo importações.

As expectativas de inflação publicadas no Boletim Focus têm sido revisadas para baixo e atualmente apontam para que o IPCA de 2022 feche em 7,15%. Até junho, as expectativas ainda passavam por revisões para cima. Para 2023, no entanto, as projeções ainda estão em crescimento. Parte disso ocorre devido à estratégia adotada pelo Banco Central que busca suavizar a pressão sobre a taxa de juros de curto prazo ao distanciar a convergência em relação à meta, de forma a auxiliar a ancoragem de expectativas.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) voltou a avançar, após dois meses de retração. De acordo com a divulgação do Banco Central, houve crescimento de 0,69% na atividade econômica com ajuste sazonal do país no mês de junho. O resultado do índice que funciona como prévia do PIB veio acima da expectativa do mercado, que apontava para um crescimento de 0,25%.

O mês de junho marcou crescimento acumulado em 12 meses de 2,18%, enquanto em relação ao mês de junho de 2021, ocorreu crescimento de 3,09%. Mesmo com os efeitos prejudiciais à atividade econômica da alta dos juros, o primeiro semestre do ano ainda acumula crescimento de 2,24% em relação ao mesmo período de 2021.

O crescimento do IBC-Br vai ao encontro dos resultados divulgados no Caged, que mostram formação de empregos formais não tem perdido fôlego e tem sido puxado pelo setor de serviços. De fato, a Pesquisa Mensal de Serviços, do IBGE, apresenta crescimento de 8,8% no ano.

No estado do Rio de Janeiro, por outro lado, o resultado foi de retração. O Índice de Atividade Econômica Regional variou -1,8% na série com ajuste sazonal. No entanto, em relação a junho de 2021 há crescimento de 0,49%.

Apesar disso, tanto o resultado semestral quanto o acumulado em 12 meses no Rio de Janeiro se posicionam acima do nível nacional. Estas variações no estado fluminense foram de 4,08% e 3,95%.

Para o restante de 2022, o crescimento econômico passa por desafios semelhantes aos que enfrentava no início do ano. Mesmo com o processo de desinflação, os juros devem se manter em patamar elevado, impactando na atividade econômica no resto do ano. Outro fator relevante é o fluxo de investimentos internacionais para o Brasil que pode diminuir diante da possibilidade de uma recessão global.

O volume de vendas do comércio varejista no país recuou no mês de junho. O índice da Pesquisa Mensal do Comércio variou -1,4% no mês, segundo divulgação do IBGE. O resultado segue a tendência de desaceleração que o índice vem apresentando nos últimos meses. No entanto, em comparação com junho de 2021, o resultado é de estabilidade, com recuo de 0,3%. No ano, o índice se mantém com crescimento positivo, de 1,4%, enquanto em 12 meses acumula -0,9%.

Das oito atividades que compõem a pesquisa, apenas uma não passou por queda no mês: Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédico e de perfumaria, que cresceram 1,3%. As maiores retrações do mês ocorreram em Tecidos, vestuário e calçados (-5,4%) e em Livros, jornais, revistas e papelaria (-3,8%). As atividades de Combustíveis e lubrificantes recuaram -1,1% em volume, enquanto se mantiveram em completa estabilidade quanto à receita, já refletindo a reversão da elevação de preço dos combustíveis em junho.

No estado do Rio de Janeiro, o desempenho do comércio varejista foi semelhante, apresentando queda de 1,5%. Em comparação com o mesmo mês do ano anterior, também há recuo, de 1,7%. Diferente da média nacional, o índice no estado não tem seguido tendência clara e apresenta trajetória instável ao longo de 2022. Como resultado, a variação acumulada no ano registra -1,8%, enquanto em 12 meses esta queda é ainda mais acentuada, de -4,0%.

O desempenho das atividades no estado pode ser avaliado pela variação em relação a junho de 2021. Segundo esta comparação, três atividades registram crescimento, com destaque para Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (+26,4%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédico e de perfumaria (+23,9%). As maiores quedas ocorreram em Tecidos, vestuário e calçados e em Móveis e eletrodomésticos, que recuaram 13,4% e 13,1%, respectivamente. As atividades de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo se posicionaram próximas à estabilidade, variando -0,5%.

O índice da PMC de junho apresenta o primeiro resultado negativo do ano, mas o resultado já era esperado considerando a trajetória de desaceleração ao longo de 2022. Porém, o comércio ainda se posiciona acima do nível pré-pandemia e fecha o primeiro semestre com crescimento. Por outro lado, no Rio de Janeiro, com a trajetória irregular e o desempenho em junho, o resultado no semestre é negativo. Tal desempenho pode ser explicado pelo alto endividamento das famílias, conforme apontado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da CNC, além da alta dos juros no país.

No país, o Caged continua mostrando crescimento da contratação no setor. No estado do Rio de Janeiro, o saldo em 2022 ainda é negativo pelo desempenho do primeiro trimestre, porém os últimos três meses foram de crescimento no emprego do setor. No entanto, o emprego costuma apresentar comportamento defasado em relação ao desempenho econômico. Desta forma, a trajetória futura do comércio é incerteza e o setor passará por desafios da atual conjuntura econômica para seguir uma trajetória de crescimento sustentado.

*Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico inclui: Comércio Varejista de Mercadorias em Geral, Peças e Acessórios para Aparelhos Eletroeletrônicos para Uso Doméstico, Exceto Informática e Comunicação, Artigos Recreativos e Esportivos, Artigos de Óptica, Joias e Relógios, Outros Produtos Novos Não Especificados Anteriormente.

O endividamento no estado do Rio de Janeiro continua a avançar para patamar recorde pelo décimo quarto mês consecutivo, de acordo com a CNC. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor mostra que 88,3% das famílias fluminenses estão endividadas.

Entre os tipos de dívida, o cartão de crédito continua sendo a principal fonte de dívida, afetando 92,4% das famílias, percentual superior ao de junho, quando era de 91,2%. Os financiamentos de casa e carro se posicionam em seguida, sendo fonte de dívida para 8,1% e 6,9% das famílias, respectivamente. O percentual relativo ao crédito pessoal recuou de 7,4% em junho para 6,7% em julho.

A persistência do alto endividamento familiar reflete o aumento da intenção de consumo em relação ao período anterior da pandemia, permitido pelo processo de imunização da população, em um cenário de avanço vagaroso da economia e juros altos.

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) voltou a se elevar em julho, após quatro meses de retração. O índice divulgado pela CNC cresceu 1,9 pontos ou 2,2% em relação a junho. Em comparação com o mês de julho de 2021, a intenção de consumo das famílias cresceu 28,9%.

Dentre as sete categorias que compõem o índice, apenas uma não apresentou desempenho positivo no mês: Momentos para duráveis (-0,8 pts.). O acesso ao crédito, medido pela Compra a Prazo, se manteve estável, variando em 0,2 pontos. Os maiores crescimentos ocorreram em Perspectiva de Consumo (+4,6 pts.), Nível de Consumo Atual (+3,7 pts.), e Emprego Atual (+2,3 pts.).

A imunização da população permitiu a retomada de diversas atividades econômicas, impactando a intenção de consumo das famílias e na melhora do índice ao longo de 2021. A partir de fevereiro, o índice passou a seguir trajetória de queda. Apesar do resultado positivo em julho, é preciso cautela para avaliar o rumo do consumo ao longo do resto do ano. A retomada da intenção de consumo, especialmente por já se posicionar próximo ao patamar pré-pandemia, passa por desafios, principalmente a alta dos juros.

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio, divulgado pela CNC, voltou a crescer em julho, se posicionando em 120,6 pontos, ainda abaixo do patamar de maio, de 121,7 pontos. Na comparação interanual, o índice cresceu 10,1%.

Apesar do resultado positivo no mês, cinco dos nove indicadores que compõem o índice passaram por queda. As retrações se deram em Expectativa para Economia Brasileira (-4,5 pts.), Condição Atual da Economia (-3,3 pts.), Expectativa para Empresa (-1,3 pts.), Expectativa para Setor (-1,0), e Situação Atual dos Estoques (-0,5 pts.), próximo à estabilidade.

Por outro lado, os quatro indicadores de desempenho positivo passaram por variação de maior magnitude: Nível de Investimento da Empresa (+5,5 pts.), Expectativa de Contratação de Funcionário (+4,4 pts.), Condição Atual do Setor (+3,1 pts.), e Condição Atual da Empresa (+1,7 pts.).

O ICEC se recuperou de forma robusta ao longo do ano de 2021 devido à retomada dos padrões de consumo impedidos pela pandemia. O índice já se posiciona próximo ao patamar pré-pandemia, de forma que a manutenção do crescimento do índice passa pela superação de desafios como o cenário de inflação. Em especial, ao longo de 2022, o ICEC tem apresentado dificuldade de crescimento devido ao ciclo de alta dos juros no país.

A abertura de empregos formais seguiu em crescimento no país em junho. No mês, o Caged registrou saldo levemente acima daquele de maio – 277.944 postos contra 274.582 no mês anterior – sinalizando que a criação de empregos no país não tem perdido fôlego. Até a primeira metade de 2022, foram criados mais de 1,330 milhões de postos de trabalho.

Novamente, houve contratações líquidas em todos os setores da economia. Os serviços continuaram sendo o setor mais representativo: as mais de 124 mil vagas abertas pelo setor são cerca de 45% do total no país. Em seguida, está o comércio, com 47.176 postos ou 17% do total, e a indústria, com 41.517 ou 15% do total. Vale mencionar também que a agropecuária, que seguiu trajetória irregular no primeiro trimestre, registrou em junho o seu maior saldo no ano, de mais de 34 mil empregos.

No estado do Rio de Janeiro, o mês teve o segundo melhor resultado no ano até o momento. Foram 22.922 postos de trabalho formados, apenas atrás de fevereiro, quando este número foi de 23.776. No ano, o saldo no estado fluminense supera a marca de 100 mil empregos.

Assim como no país, todos os setores apresentaram saldo positivo no mês. Os serviços responderam por 64% do resultado, com 14.771 vagas criadas no estado. O comércio e a indústria criaram cerca de 2.900 e 2800 vagas, respectivamente. Na agricultura, o saldo recuou de forma acentuada, mas se manteve positivo, indo de 1.017 em maio para 97 em junho.

Entre as Unidades Federativas, o Rio de Janeiro apresentou o terceiro maior saldo, atrás apenas de São Paulo (80.267) e Minas Gerais (31.092). Em relação ao saldo total nos primeiros seis meses do ano, há o mesmo resultado. São Paulo acumula criação de 385.464 empregos, enquanto em Minas Gerais, este número é de 140.319.

A geração de empregos continuou a surpreender em junho. Nos seis primeiros meses do ano, já foram criados 1.334.791 empregos formais, este valor representa cerca de 48% do saldo de 2021, indicando que o ritmo elevado de crescimento do ano passado se manteve na primeira metade de 2022. Os serviços têm crescido em ritmo ainda mais alto: o saldo do setor em 2022 já é cerca de 63% do total do ano anterior.

Para os próximos meses, apesar da manutenção da taxa de juros em patamar elevado, o cenário deve ser mais favorável, devido à desinflação e aos estímulos econômicos. No entanto, é possível que o ritmo de criação de postos diminua, visto que o emprego possui defasagem em relação ao ciclo econômico e ao aperto monetário, de forma que ainda é necessário cautela ao avaliar a trajetória futura do emprego.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) voltou a ser divulgado, após período de três meses de greve dos servidores do Banco Central. Até então, a última publicação do índice havia sido referente ao mês de janeiro. Com o fim da greve, o calendário de divulgação foi retomado e os dados antigos publicados.

Durante os meses de fevereiro e março, o índice variou 0,88%, 1,00% e acompanhou o desempenho do comércio e dos serviços. No primeiro trimestre do ano, o índice acumulou crescimento de 1,00% ante o trimestre anterior, em linha com o resultado do PIB trimestral.

Em abril, o índice recuou pela primeira vez no ano, variando -0,64%, seguindo desaceleração na PMC e pequena queda na PMS. Na divulgação mais recente, relativa ao mês de maio, o índice recuou novamente, em 0,11%, e se posicionou entre o patamar de fevereiro e de março na série com ajuste sazonal.

O desempenho frustrou as expectativas do mercado, que apontavam para crescimento. Apesar disso, na comparação com maio de 2021, ocorreu elevação de 2,3%, enquanto o acumulado de 12 meses se posiciona em 2,6%. Parte do impacto à atividade econômica se dá devido às elevações da Selic para conter a inflação, principalmente após o início do conflito na Ucrânia.

No estado do Rio de Janeiro, o Índice de Atividade Econômica Regional cresceu nos três meses que não haviam sido divulgados: em fevereiro, março e abril passou por variação de 0,9%, 0,4% e 1,6%, respectivamente. Em maio, no entanto, o índice recuou assim como no nível nacional, em 1,6% e posiciona entre o patamar de março e abril na série com ajuste sazonal.

Em comparação ao mesmo mês do ano anterior, o resultado é um crescimento de 2,6%, acima da média nacional. O acumulado de 12 meses registrou 0,21%, o menor resultado desde março de 2021, quando era negativo, sinalizando que a recuperação mais acentuada ocorreu ao longo de 2021

Para o restante de 2022, o crescimento econômico passa por desafios semelhantes aos que enfrentava no início do ano. Mesmo com o processo de desinflação, os juros devem se manter em patamar elevado, impactando na atividade econômica no resto do ano. Outro fator relevante é o fluxo de investimentos internacionais para o Brasil que pode diminuir diante da possibilidade de uma crise na Europa causada pelo conflito armado e sanções à Rússia.

O volume de vendas do comércio varejista se manteve estável no país, variando 0,1% em maio, na série com ajuste sazonal da Pesquisa Mensal do Comércio. O índice manteve a tendência de desaceleração que segue desde janeiro, mas continuou sem apresentar variações negativas no ano. Com este resultado, recuaram o acumulado no ano, de 2,3% em abril para 1,8%, e em 12 meses, de 0,7% para -0,4%.

Apesar do resultado equilibrado, seis das oito atividades presentes na pesquisa apresentaram variação positiva no mês. Entre as atividades de crescimento, se destacaram Livros, jornais, revistas e papelaria (+5,5%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédico e de perfumaria (+3,6%), e Tecidos, vestuário e calçados (+3,5%). Se posicionaram no campo negativo Móveis e eletrodomésticos (-3,0%), e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,2%).

No estado do Rio de Janeiro, houve crescimento nas atividades de comércio varejista, após dois meses seguidos de retração. O resultado foi um avanço de 1,1% na série com ajuste sazonal. Apesar do crescimento, as variações acumuladas se tornaram mais negativas devido à base de comparação: -1,8% no ano e -3,5% em 12 meses, contra -1,3% e -2,0% em abril, respectivamente.

Em comparação com maio de 2021, cinco das oito atividades apresentam variação negativa. No período, os maiores recuos foram em Tecidos, vestuário e calçados (-18,9%), e em Móveis e eletrodomésticos (-11,3%), enquanto os maiores crescimentos foram em Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (+41,1%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédico e de perfumaria (+16,4%). Vale mencionar que em Combustíveis e lubrificantes, bem como em Outros artigos de uso pessoal e doméstico apesar do desempenho negativo em relação ao mesmo mês de 2021, há variação positiva em 12 meses.

O resultado no país segue a tendência de desaceleração e atingiu a estabilidade em maio. Ainda que o índice nacional não tenha registrado variações negativas no ano de 2022, é preciso ter cautela ao avaliar a trajetória do setor no restante do ano. No Rio de Janeiro, a trajetória tem sido irregular e o índice com ajuste se posiciona em patamar próximo ao de julho de 2020. Tanto no nível nacional quanto no estadual, a PMC se posiciona acima do patamar pré-pandemia, sinalizando que a superação de desafios do atual cenário econômico será necessária seguir uma trajetória de crescimento sustentado.

*Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico inclui: Comércio Varejista de Mercadorias em Geral, Peças e Acessórios para Aparelhos Eletroeletrônicos para Uso Doméstico, Exceto Informática e Comunicação, Artigos Recreativos e Esportivos, Artigos de Óptica, Joias e Relógios, Outros Produtos Novos Não Especificados Anteriormente.